‎"O importante é que cada um possa deslumbrar-se com a história que o outro tem para contar."
Joana Cavalcanti

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Vidas de Rua

Terminei este livro hoje e posso dizer que todos aqueles que dizem que os moradores de rua vivem nas ruas porque querem, deveriam ler.
O livro é fruto de pesquisas para a dissertação de Cleisa Moreno Mafei Rosa, onde a autora indica que as difíceis situações econômicas das décadas anteriores deixaram fortes sequelas agravando os índices de trabalho e crescimento da população de rua. Além de dados estatísticos e análises sociais e psicológicas, o livro traz uma série de depoimentos de moradores de rua em diversos momentos, o que deixa o livro ainda mais interessante.
Vidas de Rua é um bom livro para quem quer entender melhor os fatores e as situações que levam um ser humano com vida socialmente denominada normal a viver nas ruas.

"A presença de adultos vivendo cotidianamente nas ruas é uma realidade universal, especialmente nas grandes metrópoles, com processos de urbanização mais ou menos planejados, mais antigos ou mais recentes. Tal fenômeno tem questionado profissionais, pesquisadores, organizações não-governamentais e, especialmente as políticas públicas, pois encaram a crueldade da precarização das condições de vida, em graus de destituição alarmantes de parcelas cada vez maiores da população."

"Identificou, também, situações diferentes de permanência na rua: ficar na rua (circunstancialmente), estar na rua (recentemente) e ser da rua (permanentemente) o que revela diferentes inserções das próprias pessoas nas ruas, bem como exige dos poderes públicos respostas diversificadas expressas em programas e políticas sociais."

"Diz-se violento o rio que tudo arrasta, mas não se dizem violentas as margens que o oprimem. Bertolt Brecht"


"O termo sofredor é substituído por novas terminologias com preocupações sociais e econômicas como povo da rua, morador de rua e outros. Povo quis reforçar a consciência de grupo, morador quis expressar a negação de um direito.


"O sofredor de rua trabalha quase sempre infinitamente mais que grande parte dos parlamentares e representantes do povo [...] é trabalho mesmo. Vou mais longe: é trabalho produtivo."

"Toda sociedade estratificada cria uma massa variável, com frequência muito numerosa de indivíduos excluídos da ordem."

"Estudar, portanto, depende de orientação, motivação e, mais exatamente, de condições objetivas básicas de sobrevivência que, diante dos impasses, vão se distanciando como possibilidades reais."

"...não cresci, só fiz aniversário..."

"Após sete meses de massacre alguns culpados já foram identificados - policiais e seguranças privadas, porém sem provas condudentes, por corporativismo ou incompetência da polícia, não foram denunciado por estes crimes. Era sabido que estavam presos por outros motivos, pois tinham crimes anteriormente cometidos; entretanto, foram recentemente liberados a pedido do Ministério Público. Associação Rede Rua, março de 2005."





Formato: Livro
Autor: ROSA, CLEISA MORENO MAFFEI
Idioma: PORTUGUES
Editora: HUCITEC EDITORA
Assunto: CIÊNCIAS SOCIAIS - SOCIOLOGIA
Edição: 1ª
Ano: 2005

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Poucas Palavras

Este foi meu primeiro livro de literatura de rua e simplesmente foi apaixonante! Devorei "Poucas Palavras" em um dia. A viagem infinita de metrô e trem que faço todos os dias para ir para o trabalho virou 5 minutos que passaram e eu nem vi!
Obrigada literatura marginal! São muitas palavras! Valeu Renan!

Lá vão alguns para dar um gostinho. Corre lá na Suburbano Convicto que tem!



"Grandes pensamentos também se escondem em...#PoucasPalavras."



"Queria cantar como Tim, tocar como Tom,
Jogar que nem o Pelé, escrever igual o Drummond

Mas, eu sem rap ia ser um Bezerra sem a malandragem
Timão sem Fiel, Zumbi sem coragem

Um crente sem bíbliam o Sabotage sem o Canão
Um bar sem bebida, Brasília sem ladrão."


"UTI

Eu vi a paz respirando só por aparelho
A esperança agonizando ligando um dreno

Deixaram o amor morrer no corredor, não tinha leito
Preferiram socorrer os bancos pra salvar dinheiro."

"Pra cada cem prédios construídos
Uma árvore plantada

De cem pessoas no presídio
Uma sai recuperada."

"A mãe trabalha, a rua educa
A escola falha, o crime educa."


Respeito é pra quem tem*
Maestro do Canão, filho de Oxóssi
Morreu, ficou eterno aos vinte e nove
Deixou uma viúva e dois pivetes
Lembranças, saudades e muitos raps
Pixinguinha do Brooklin, ladrão rap resgatado
Preferiu trocar o 12 pela responsa dos palcos
Fez coisas surpreendentes e eu destaco duas delas
Misturou samba com rap e alegria com favela
Invasor da sul pro mundo, humilde até debaixo d’água
Atiraram no seu corpo mas nem relaram na alma
Apagaram nossa estrela como se fosse um incenso
Vida louca, cabulosa, o que vou fazer? Lamento (ao som de Tim Maia)
Tá dentro do coração com amor e com carinho
Guardado num Bom Lugar, que Deus o tenha, Maurinho
“Um cara simples gostava mais de ouvir e aprender
até que...
*para Sabotage


Renan Inquerito, 27 anos, já foi sorveteiro, empacotador e mecânico. Hoje é poeta, MC, compositor e geógrafo. Em 1999, criou o grupo Inquérito e desde então sua história une-se com a do grupo que hoje tem três discos, Mais Loco que u Barato (2005), Um Segundo á Pouco (2008) e Mudança (2010).
Renan foi criador do jornal Ideia Quente (2001 - 2003) voltado ao Hip-Hop e a literatura marginal e participou da obra Suburbano Convicto - Pelas Periferias do Brasil - Vol. I (2007).
Realiza oficinas de literatura e unidades das Fundação CASA no interior de São Paulo.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Antologia de folhetos de Cordel - Amor, História e Luta


"Amor, História e Luta" é demais! O livro é viciante, de não conseguir parar de ler. Mesmo!

"Colega você me diga
Por quais terras tem andado
Quantos livros já tem lido
Que tempo tem estudado
Quantos anos tem de idade
Que cantores tem tirado?

Ao que o outro respondeu:

Tenho trinta e cinco anos
Sou muito pouco corrido,
Quase nada estudei
Poucos livros tenho lido
Vinte e cinco cantadores
De fama tenho vivido."


"Esta mesa tão repleta
de tanta comida boa
não foi posta para mim
um ente vulgar, à toa
desde a sobremesa à sopa
foi posta para minha roupa,
e não pra minha pessoa.

Os comensais se olharam
o rei perguntou espantado:
por que o senhor diz isto
estando tão bem tratado?
disse João: isso se explica
por estar na roupa rica
não sou mais esmolambado.

Eu estando esfarrapado
ia comer na cozinha
mas como troquei de roupa
como junto da rainha
vejo nisto um grande ultraje
homenageiam meu traje
e não a pessoa minha."


Editora: Salamandra
Autor: MARCIA ABREU
ISBN: 851604761X
Origem: Nacional
Ano: 2005
Edição: 1
Número de páginas: 132
Acabamento: Brochura
Formato: Médio
Complemento: Nenhuma

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Cabeça de Porco

Gente, comprei esse livro há mais ou menos cinco anos e exatamente há este tempo ele estava parado aqui em casa. Eu tinha começado a ler e como não tinha achado interessante, parei antes da metade.
É incrível como cada livro tem sua hora certa para ser lido. Semana passada encontrei ele na parte dos "encostados" e simplesmente devorei em uma semana.
O livro é animal e contribuiu mais uma gotinha para minha formação de conceito e opinião.
Para quem gosta de saber como funciona o Brasil que não conhecemos e ignoramos, "Cabeça de Porco" é um bom livro, com boa linguagem e bagagem. Enjoy it!

"O inferno está perto de nós, é verdade. Mas há saída, sim. Basta olhar de perto e sentir o sopro de humanidade que vibra sob a máscara dos monstros."

"Mas uma coisa era certa: aquilo que eu achava que era uma desgraça, de certa maneira fazia parte da economia daquele lugar; o dinheiro que entrava ali naquele bairro produzia uma grande quantidade de violência, exatamente porque produzia a riqueza e o ganha-pão de todos eles. Tudo muito confuso, tudo muito doido."

"Alias, o que os jovens das comunidades mais querem é ser iguais aos que vivem fora dela, e os fora-da-lei acabam tentando ser o espelho dos que moram fora do morro."

"A maioria - ele disse maioria levantando a voz como quem tencionasse deixar claro que não estava falando de todos - a maioria tem necessidade imediata de comer, não de estudar."



"...que é preciso vontade de trabalhar, de lutar, de viver, e isso é algo que também precisa ser ensinado,"

"O que estou dizendo é que esta palavra, realidade, deveria vir sempre cercada de aspas, porque ela, a realidade, é sempre aquilo que dela nos permitimos saber, segundo nossas crenças ou conceitos, nossas práticas e relações sociais. Neste sentido, ela é sempre historicamente condicionada, além de ser, em boa medida, feita por nós - registre-se com especial atenção que nossas crenças sobre ela constituem parte do trabalho coletivo e intersubjetivo que a produz."


"É difícil mudar. Muito difícil. Doloroso e angustiante. Primeiro, porque a ousadia de mudar-se a si mesmo envolve cortejar a morte. Na mudança, uma parte de nós perece; um modo de sermos nós mesmos entra em colapso"

"O acordo com policiais corruptos é como o amor para Vinicius de Moraes: eterno enquanto dura."

"Quem é o verdadeiro bandido dessa história? Qual é o ato criminoso mais vil? Vender produtos proibidos ou montar a farsa hipócrita que encobre os crimes do Estado e estigmatiza toda uma população? Vender drogas e armas sem farda ou com farda?"

"O crime, no Brasil, é a derrota de todos nós - um fracasso compartilhado."

"Podiamos permitir que o Brasil soubesse que, por trás de uma arma, tem um coração batendo; que é preciso uma grande intervenção política no país para que não estejamos fadados à escravidão de seres humanos; e que essa intervenção não seja policial, mas em todas as áreas."


"...o foco de nossas preocupações não deveria ser o comportamento desviante individual, mas a educação dos jovens em uma cultura refratária à violência."

"A lei é da selva, a selva chamada Brasil..."


ISBN: 8573026685
ISBN-13: 9788573026689
Idioma: português
Encadernação: Brochura
Edição: 1ª
Ano de Lançamento: 2005
Número de páginas: 286

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Paula

Li este livro há algum tempo e ontem mexendo nas minhas coisas, o encontrei.
É um livro lindo que tem uma história que vale muito a pena conhecer.


Aclamada autora latino-americana, Isabel Allende sensibilizou milhares de leitores em todo o mundo ao publicar "Paula", o mais comovente, pessoal e revelador de seus livros. Em dezembro de 1991, sua filha Paula é internada em um hospital da Espanha, gravemente enferma. A escritora acompanha o sofrimento da filha que se prolonga durante meses, em um coma irreversível, e escreve a história de sua família para a jovem inconsciente, na esperança de que algum dia ela desperte. Encantados, temos acesso às memórias de infância de Isabel Allende, os relatos sobre seus ancentrais, sobre a sua juventude e seus segredos mais íntimos. O Chile e a turbulenta história do golpe militar de 1973, a ditadura e o exílio de sua família são pontos altos dessa autobiografia inesquecível. Paula é uma evocação e um hino à vida, escrito com força e coragem de uma mulher que soube dar a volta por cima.



I.S.B.N.: 9788577990443

Cód. Barras: 9788577990443
Reduzido: 1995973
Altura: 18 cm.
Largura: 12 cm.
Idioma : Português
País de Origem : Brasil
Número de Paginas : 434























Isabel Allende Llona (Lima, 2 de Agosto de 1942) é uma jornalista e escritora chilena. Apesar de ter nascido em Lima, sua família logo voltou para o Chile, sua terra natal. Atualmente está radicada nos Estados Unidos da América.
É filha de Tomás Allende, funcionário diplomático e primo irmão de Salvador Allende, e de Francisca Llona.
Isabel é considerada uma das principais revelações da literatura latino-americana da década de 1980. Sua obra é marcada pela ditadura no Chile, implantada com o golpe militar que em 1973 derrubou o governo do primo de seu pai, o presidente Salvador Allende (1908-1973).
Escreveu A casa dos espíritos (1982) e ganhou reconhecimento de público e crítica. A obra foi filmada em 1993 por Bille August, com Jeremy Irons e Meryl Streep. Em 1995 lançou o livro Paula, que a autora escreveu para a sua filha que estava em coma devido a um ataque de porfiria. Como a autora não sabia se a sua memória voltaria após a saída do coma, Isabel Allende resolveu contar a sua história para auxiliar a filha a lembrar dos fatos. Paula passou a ser então um retrato auto-biográfico. Sua filha não voltou do coma e morreu um tempo depois.